4 de abril de 2025

Concluída sondagem da Ponte Salvador-Itaparica com profundidade recorde no país

Os resultados da sondagem geotécnica realizada na Baía de Todos-os-Santos (BTS) nos últimos 12 meses e concluída esta semana, para a construção da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica, foram apresentados, nesta sexta-feira (4), pelo Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), e pela Concessionária Ponte Salvador-Ilha de Itaparica à comunidade acadêmica especializada. A investigação do solo é a primeira do Brasil a chegar a 200 metros de profundidade para coletar material intacto, permitindo definir com precisão as fundações da estrutura. Com a conclusão desta etapa, o próximo passo será a finalização do projeto de fundações da ponte pela Concessionária e a mobilização dos canteiros de obras.

Iniciada em terra no município de Vera Cruz, a sondagem prosseguiu para as águas rasas, com até 10 metros de profundidade, e culminou nas águas profundas, no canal central, com 67 metros de lâmina d’água. No total, foram realizados 105 furos ao longo do traçado da ponte, com o material extraído em alguns pontos com profundidade de 200 metros. Inédita no país, a sondagem chegou ao equivalente a duas vezes e meia a altura do Elevador Lacerda para a coleta de amostras do solo em águas marinhas. As amostras foram analisadas em laboratório de tecnologia avançada instalado no canteiro de apoio.

No sentido Ilha de Itaparica-Salvador, foram encontrados dois quilômetros de material mais jovem, com uma fina camada de solo sedimentar e, logo em seguida, um material rochoso de boa qualidade. Nos quilômetros seguintes há um comportamento diferente, com uma camada longa de material sedimentar e depois um material rochoso de baixa resistência intercalado com finas camadas de material resistente. Isso se deve à movimentação do mar e à idade geológica da BTS (66 milhões de anos no trecho próximo à Ilha de Itaparica e 241 milhões de anos no trecho próximo a Salvador).

Segundo Claudio Villas Boas, CEO da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, para isso foram utilizados equipamentos que preservassem a qualidade das amostras do solo. “Usamos equipamentos que vieram da China, com tecnologias que a gente não tem no Brasil e que possibilitaram uma estabilidade maior no processo de coleta das amostras, sem alteração. Ou seja, garantindo sua qualidade morfológica para que as análises fossem a melhor possível. Com isso, garantimos segurança e um projeto de engenharia preciso para construir a melhor ponte para os baianos”, detalhou.

Superintendente de planejamento e logística da Seinfra e coordenador do projeto da Ponte Salvador-Itaparica, Mateus Dias, explicou que através da sondagem foi possível obter um retrato detalhado das profundezas da Baía de Todos-os-Santos. A operação mobilizou uma estrutura com três balsas e uma plataforma de perfuração, além da utilização de um sistema avançado de compensação de ondas, importado da China, garantindo precisão nos resultados mesmo em condições climáticas adversas. O projeto também impulsionou a economia local, com a contratação de mais de 20 empresas baianas, geração de 300 empregos diretos e um investimento total de R$ 200 milhões.

“A ponte vai ter um impacto gigantesco para o desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador como um todo, do Recôncavo, do Baixo Sul. E isso na atividade do turismo, no comércio, no setor imobiliário, de logística, que também é um setor muito importante para o Estado”, destacou Mateus.

Estiveram presentes no evento representantes de entidades acadêmicas como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Clube de Engenharia e Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon).

Professora do departamento de geologia da UFBA, Ana Santana sinalizou a potência dos resultados apresentados para a ciência e para o trabalho realizado por pesquisadores e estudantes na geologia.

“Em termos técnicos, dos aspectos dos sedimentos, dos números, dos desafios, todos estão de parabéns. É uma geologia desafiadora e está sendo muito bem amparada com estudos e com tecnologia. Quanto ao projeto em si, é encurtamento de distâncias, tem muitos impactos positivos para a Bahia e, obviamente, impactos que deverão ser analisados e mitigados”, analisou.

PONTE SALVADOR-ITAPARICA: MUITO MAIS QUE UMA PONTE

O Sistema Rodoviário Ponte Salvador-Itaparica será um novo vetor de distribuição de renda e vai impulsionar a economia de toda a Bahia, com geração de sete mil empregos. Serão contemplados 10 milhões de baianos em cerca de 250 municípios. Esse grande investimento vai fomentar o desenvolvimento econômico a partir da atração de novos empreendimentos em áreas como logística, indústria, comércio, serviços e mercado imobiliário. O novo sistema irá também impulsionar de maneira sustentável o turismo na Bahia já que a distância entre Salvador e importantes zonas turísticas do estado, como o Sul e Baixo Sul, será reduzida em mais de 100 km.

Além da ponte com 12.4 km sobre o mar, a maior da América Latina, serão construídos novos acessos viários em Salvador e Vera Cruz. Na capital, serão 4 km de uma nova estrutura entre a região da Calçada e Água de Meninos composta por um conjunto de viadutos e dois novos túneis que ficarão paralelos aos da Via Expressa. Já em Vera Cruz, o fluxo de veículos oriundos da ponte será direcionado para uma nova via expressa com 22 km que será construída na região de Mar Grande e segue até as proximidades de Cacha Pregos. Por fim, será duplicado um trecho de 8 km da BA-001 desde Cacha Pregos até o início da Ponte do Funil, onde finaliza a área de atuação da Concessionária.

Esse novo investimento é fruto de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre o Governo da Bahia e um consórcio chinês formado por dois grandes grupos que estão entre os maiores do mundo no segmento de construção e infraestrutura. São eles: China Railway 20th Bureau Group Corporation (CR20) e China Communications Construction Company (CCCC). O contrato assinado em novembro de 2020 estabelece uma concessão de 35 anos para construção, operação e manutenção do equipamento.

Equipes trabalham na segunda balsa da Ponte Salvador-Itaparica [Crédito_Marcelo Maia] (1)